Autores

Gil Vicente  
(1465?-1537?)


Supoe-se que Gil Vicente tenha nascido na província da Beira, nada se sabe sobre a sua origem social e sua formação. Uma noticia segura que temos sobre o autor data de 1502, ano de sua estréia no teatro, a partir de então desenvolveu sua carreira de dramaturgo e encenador na corte de D. Manuel e D. João III. Nesse período produziu O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende.

A coragem de Gil Vicente demonstra em seu teatro critico, fustigando     
todos os setores da sociedade de seu tempo, pode também ser apreciada neste episodio de sua vida.

Em 1531, um terremoto atingiu Portugal violentamente, e os padres atribuíram a tragédia á ira de deus, espalhando pânico  entre o povo e fomentando perseguições religiosas. Gil Vicente pronunciou um vigoroso discurso na cidade de Santarém, condenando o alarmismo irresponsável dos padres, alem de escrever uma carta ao rei, expressando repudio á ignorância que vitimava os judeus.

O prestigio de Gil Vicente na corte despertou a inveja de muitos, que o caluniavam, acusando-o de plagiar o teatrólogo castelhano Juan Del Encina (1469-1529). Para calar a maledicência, Gil Vicente pediu um tema sobre qual escreveria uma peça, foi escolhido um ditado popular ‘’ mais quero um asno que me leve, do que um cavalo que me derrube’’. Assim nasceu a Farsa de Inês Pereira, uma das obras-primas de Gil Vicente.      


José de Alencar

(Mecejana, CE, 1829 - Rio de Janeiro,RJ, 1877) 






José Martiniano de Alencar nasceu no final do Primeiro Reinado. Seu pai que fora padre na juventude exerceu influencia na maioridade de D. Pedro II, tendo sido senador no Período Regencial.
José de Alencar saiu do Ceara para corte aos dez anos, em 1839, justamente no ano do nascimento de Machado de Assis, de quem seria amigo mais tarde. Concluído os estudos  secundários na Corte, Alencar dirigiu-se para São Paulo, aos 16 anos , em 1845, para cursar a faculdade de Direito, exceto o terceiro ano, que faria em Olinda. Sua permanência em São Paulo coincidiu com a moda da poesia byroriana, liderada por Álvares de Azevedo três anos mais tarde.
De volta ao rio, Jose de Alencar estréia como escritor no Correio Mercantil, em 1853, quando Manuel Antonio de Almeida estava publicando neste mesmo jornal Memórias de um sargento de milícias, As crônicas publicadas nessa ocasião seriam mais tarde agrupadas em volume como o nome de Ao Correr na Pena.
EM 1856, Alencar provocou a famosa polemica sobre a Confederação dos Tamoios, poema épico que Gonçalves de Magalhães escreveu e queria  impor ao Brasil como uma grande epopéia. Alencar discordou com o alarde dessa opinião e no ano seguinte publicou como resposta, O guarani. Esse, sim, seria a verdadeira epopéia romântica do Segundo Reinado.
Muito famoso com o sucesso do romance, Alencar passou a dedicar-se mais intensamente a esse gênero literário. Da mesma forma, dedicou-se ao teatro, a advocacia e á política, tendo sido eleito deputado diversas vezes pelo ceará. Durante a Guerra do Paraguai, foi ministro da justiça, apesar das suas constantes rixas com D. Pedro II, tanto por razões estéticas quanto por razões políticas. Não conseguindo eleger-se senador, como fora o pai a quem tanto admirava José de Alencar retirou-se da vida pública. Nessa ocasião foi muito apoiado pela amizade de Machado de Assis, que desapontava como seu sucessor nas letras brasileiras.
Alencar morreu aos 48 anos, vitimado pela  tuberculose, no ano em que escrevera Encarnação, um romance de feições espiritistas. Alencar publicou Iracema em 1865, um Romance Indianista.        


Manuel Antonio de Almeida


(Rio de janeiro, 1831 – 1861)



De origem humilde Manuel Antonio de Almeida nasceu no ano da abdicação de Dom Pedro I, apesar de suas dificuldades financeiras, conseguiu formar-se em Medicina, embora nunca tenha clinicado. Dedicou-se sempre ás artes, tanto ao desenho quanto á Literatura
Escrevia crônicas e criticas para o Correio Mercantil, jornal que publicou os folhetins dominicais de seu único romance: Memórias de um sargento de milícias entre 1852-53
Em 1858 foi nomeado diretor da Tipografia Nacional, onde teve oportunidade de auxiliar o então tipógrafo Joaquim Maria Machado de Assis , mais pobre e desvalido do que ele.
Manuel Antonio de Almeida morreu aos 30 anos, na Baia da Guanabara num naufrágio, quando fazia campanha para deputado. 











Joaquim Maria Machado de Assis

(Rio de janeiro, Rj, 1839, Rio, 1908)

De origem humilde (filho de uma lavadeira e um pintor), Machado de Assis não conseguiu fazer estudos regulares. Trabalhou como operário na Tipografia Nacional. O ano de 1855 marca o inicio de sua carreira literária, ocasião  em que publicou um soneto no Jornal dos Pobres. A partir ai, tornou-se colaborador  da imprensa da Corte. Tomou parte da fundação da Academia Brasileira de Letras, tendo sido aclamado seu primeiro presidente, cargo que ocupou até a morte.
Machado de Assis ó o escritor mais importante da literatura brasileira e um dos espíritos mais lúcidos de toda nossa cultura. Criou entre nós o método universalizaste, que consiste em interpretar a condição humana  há partir da observação das pessoas do próprio tempo. Soube, como nenhum outro escritor brasileiro, extrair das coisas mínimas de seu tempo conclusões máximas  sobre a humanidade sem deixar  de oferecer uma visão especifica  da sociedade  em que viveu.
  Isso é próprio de toda grande obra de arte, mas não existia no Brasil antes de Machado De Assis. Ate então nossos artistas não possuíam nenhuma densidade filosófica. Eram dogmáticos e produziam para moralizar nacionalizar ou divertir. Avesso a qualquer absoluta. Machado de Assis escreveu para problematizar. Decorreu daí uma verdadeira revolução formal conceitual em nossa arte a qual deu maturidade para a cultura brasileira porque lhe assegurou pela primeira vez, um processo autoconsciente de representação artística.
  Os textos de Machado se Assis atingiram alto nível reflexivo e enorme capacidade de problematizarão. Não adotaram nenhuma verdade definitiva, mas conquistaram, com o tempo, a estranha condição de gerar idéias, que se multiplicam á proporção que sucedem as gerações Sua atualidade nao foi superada por nenhuma das expressões  da nossa vanguarda, pois permanece ainda como o povo cativo dos escritores brasileiros, sendo por isso falsa a idéia de que ele possa representar, sem conflitos insolúveis a cultura oficial e uma pais como o Brasil.




Eça de Queirós


(Póvoa de Varzim 1845 – Paris 1900)



Eça de queiros nasceu em 25 de novembro de 1845, em povoa de Varzim, Cursou a Universidade de Coimbra, onde conheceu Antero de Quental, bacharelando-se em Direito de 1866.
Colaborou em jornais como articulista, polemista e autor de folhetins. Participou das Conferencias Democráticas de Cassino Lisbonense, em 1871 discorrendo sobre a Literatura realista como nova expressão de arte. O conjunto da obra de Eça de Queirós constitui o que há de melhor na prosa de ficção da Literatura portuguesa de todos os tempos.
Paralelamente á sua trajetória de escritor. Eça de queirós fez carreira diplomática como cônsul de Havana ( Cuba), Newcastle-on-Tyne e Bristol (Inglaterra) e Paris (França), onde faleceu, em 16 de agosto de 1900. Seu corpo foi embarcado para Lisboa, endo sido sepultado no cemitério do Alto de São João. A cidade e as Serras de Eça de Queirós foi publicado em 1901.
     
Aluísio Azevedo

(São Luiz, MA, 1857 - Buenos Aires, 1913)

 Artista eclético, alem de escritor e dramaturgo ,Aluisio Azevedo  era bom desenhista e discreto pintor. A convite do irmão o comediógrafo Artur Azevedo, veio para rio de janeiro e passou a trabalhar como caricaturista em jornais como O Fígaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A semana Ilustrada. A partir desses bonecos que conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia  cenas de romances. Na mesma Época cursava a Imperial Academia de Belas Artes. Com o falecimento do pai em 1878, retornou ao maranhão onde fundou o jornal O Pensador. Voltou ao Rio de Janeiro  em 1882, militando ativamente na imprensa como panfletista anticlerical, assinando textos com os pseudônimos de Pitribi, Luinho, Gerofle, Semicupio dos Lampioes, Acropolio, Rui Vaz, Alil-Alaz, Asmodeu e Vitor Leal (que também servia para Olavo Bilac, Coelho neto, Pardal Malle).
Aluisio Azevedo acabou se cansando da instabilidade profissional da vida de escritor e após ter ingressado na carreira diplomática (1895) não publicou mais nenhum livro, vendendo sua propriedade literária  a H. Garnier. Nomeado vice-cônsul em Vigo (Espanha), transferiu-se para Yokohama (Japão) a partir  de 1991 promovido  a cônsul de primeira classe trabalhou na legações diplomáticas do Brasil  em La Plata (argentina) Salto oriental( Uruguai) Cardiff(Inglaterra) Nápoles(Itália) e Buenos Aires, onde faleceu seis anos depois, por iniciativa de coelho neto sua urna funerária foi transladada para São Luis.
Graciliano Ramos 

(Quebrangulo, AL, 1892 - Rio, 1953)


Filho de comerciante  Graciliano Ramos passou a infância no interior de Alagoas e Pernambuco. Depois de fazer os estudos e Maceió  fixou-se e Palmeira dos Índios, cidade de que chegou a ser prefeito. Ai, redigiu  seu primeiro romance. Caetés, em 1926. Em 1930, retornou a Maceió, onde foi funcionário publico. Em março de 1936, quando concluía a redação de Angustia foi preso pelas forças getulistas
     Em represália á rebelião da esquerda brasileira de novembro de 1935 (inventora comunista), o governo Vargas promovera indiscriminada onda de prisão por todo Brasil. Nesse clima de  instabilidade e autoritarismo é que Graciliano Ramos foi preso, sem processo nem acusação formal. Depois seria conduzido para a Colônia Correcional de Dois Rios, no Rio de Janeiro. Graciliano sempre fora homem de inclinação democrática e espírito critico, mas não estivera ligado á nenhuma tentativa de golpe e nem fora membro do Partido Comunista. Sua prisão não se fundou em nenhuma razão especifica, mas, sim no fato de o escritor ser contrario ás direitas autoritárias (Fascismo, Nazismo, Integralismo) então em franca ascensão no Brasil e no mundo.
    Graças á intervenção de escritores amigos, entre os quais se destacam Antônio Frederico Schmidt (1906-1965) e José Luis do Rego, Graciliano ramos seria solto em 1937. Em 1945, ingressou no Partido Comunista então readmitido pela democratização do pais, sem jamais escrever obra de propaganda política, o que era bastante comum nos escritores de esquerda da época, de que Jorge Amado é o melhor exemplo. A partir da experiência na prisão, escreveria Memórias de Cárcere, publicadas em 1954, no ano seguinte ao de sua morte.   
Graciliano Ramos, escreveu vidas secas em 1938.
                                                     





Jorge Amado
(Piranji, 1912 – Salvador, BA, 2001)

 Embora Jorge Amado seja considerado por alguns como escritor menor que soube produzir alguns bons livros, não há como negar que se trata do escritor brasileiro de maior penetração nacional e internacional. Sua obra é enorme e variada, sendo por isso fonte segura de prazer para todos os gostos. Começou como romancista engajado,  cuja pena esteve desinteressadamente  entregue a causa solidaria em face dos heróicos desprotegidos  de uma sociedade regida  por capitalismo injusto e desumano: é o caso  dos romances de realismo proletário de estrutura panfletária, que acreditam na literatura como instrumento  de educação cívica e moral desde que se admitam  conteúdos de esquerda(politização do proletário  sindicalismo,  consciência de classe, valorização da cultura popular etc.)como se observa em Jubiabá(1935) Capitães da Areia(1935) e Seara Vermelha(1946). Nos dois primeiros, o autor observa épica e liricamente  a população negra e pobre de Salvador; no terceira focaliza os retirantes do sertão, como pretexto para  fazer  propaganda aberta do comunismo  como possível solução ideológica  para o impasse da organização política no Brasil.
Depois do engajamento  ideológico , Jorge Amado entregou-se  á Literatura  de formação social focalizando  a evolução do sul da Bahia .persiste nesses romances  o sopro épico  de natureza histórica ao lado da investigação lírica  dos motivos pessoais.O melhor exemplo  desses vastos  painéis sociais é Gabriela , Cravo de canela(1958 ) ,  cuja dramas reconstrói  as lutas entres os grandes proprietários de fazenda  de cacaus em ilhéus , sem desconsiderar os amores dos indivíduos que encarnam os aspectos emotivos  do progresso social. O humor fácil e a sensualidade forte  são marcas inconfundíveis dessa espécie  de romance em Jorge Amado, que conta ainda com outra obra prima  do romance de formação social  Terras do Sem-fim (1942)
Os apreciadores  dos avanços  da experiência formal da narrativa contemporânea , tanto no nível da frase  no nível da técnica  de composição  do enredo, encontram excelentes para exigir as duas novelas Os velhos Marinheiros(1961) como obra digna de especial atenção. Nelas, o autor aplica com singularidade os recursos do realismo mágico, considerado pelos europeus como genuína criação  do espírito latino-americano.          

Mario de Andrade
(1893 - 1945)

Mário Raul de Morais Andrade nasceu na cidade de São Paulo em 09/10/1893, filho de Maria Luisa e de Carlos Augusto de Andrade, que era de origem humilde e ascendeu socialmente através do próprio esforço. Faleceu na cidade de nascimento em 25/02/1945. Teve intensa atividade cultural durante toda a vida: foi diretor do Departamento Municipal de Cultura, em São Paulo, e do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (então localizado no Rio de Janeiro); organizou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; lecionou História da música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Teve participação ativa na Semana de Arte Moderna e passou a exercer uma espécie de ?magistério? modernista, correspondendo-se com muitos poetas e escritores durante toda a sua vida. Além de poeta e ficcionista, foi cronista, crítico literário e pesquisador de folclore, da música e das artes plásticas nacionais. Também trabalhou na redação da revista modernista Klaxon, veículo de divulgação de idéias e trabalhos dos novos escritores após a Semana de Arte Moderna.
Suas principais obras são os livros de poemas Paulicéia desvairada, O losango cáqui, Clã do jabuti, Remate de males, Poesias, Lira paulistana seguida d?O carro da Miséria, Poesias completas; a prosa de ficção de Primeiro andar (contos), Amar, verbo intransitivo (romance), Macunaíma (rapsódia), Os contos de Belazarte e Contos novos. Sobre crítica literária, Mário publicou A escrava que não é Isaura, Aspectos da literatura brasileira e O empalhador de passarinho, entre outros. A esses títulos se somam muitos outros: crônicas, estudos sobre música e folclore brasileiros, história da arte, além de uma vastíssima correspondência e um livro de poemas "imaturos", Há uma gota de sangue em cada poema.

  
Manuel Bandeira
(1886 -  1973)

Nasce no dia 19 de abril de 1886 em Recife, um poeta, crítico, professor de literatura e tradutor brasileiro: Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho.
Manuel é considerado parte da geração da literatura moderna brasileira, sendo o seu poema “Os sapos” o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Junto com escritores como João Cabral de Melo Neto e Paulo Freire, representa o que há de melhor na produção literária pernambucana. Parte de sua família era advogada (entre avôs e tios).
Ele e sua família foram para o Rio de Janeiro, em função do trabalho do pai. Após terminar seu curso de humanidades, foi para São Paulo, fazer arquitetura, mas interrompeu por conta de uma tuberculose.
Para se tratar buscou repouso em Campos do Jordão. Com a ajuda do pai, reuniu as economias e foi para a Suíça, onde esteve no Sanatório de Cladavel.
Aos seus 87 anos de idade, na Paraíba, ele falece de hemorragia gástrica. Manuel Bandeira foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras.  

 
                                            Clarice Lispector
(1925 - 1977)

Clarice Lispector, contista, cronista e romancista de destaque na literatura brasileira, não é brasileira nata: nasceu na atual Ucrânia e veio para o Brasil ainda criança. Com 12 anos transfere-se do Recife onde morava até então para o Rio de Janeiro para cursar  o secundário. Mas já escrevia antes disso: aos sete anos mandava contos ao semanário infantil. Sempre recusados. Ainda estudante escreve seu 1° romance (Perto do Coração Selvagem). Lispector tem um prosa introspectiva e intimista, que explora os caráter do ser humano e os conflitos interiores, com um estilo dramático e por vezes inteligentemente irônico. Além de vários romances como A hora da Estrela e A Paixão segundo G.H., Clarice redigiu também contos.